Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2019

Dia de outono

Imagem
É, abril chegou e já quase se despede. Mas os dias ainda estão muito quentes (consolo: as noites são mais frescas). Hoje teve de tudo um pouco. Sol logo cedo, céu azul, calor. Perto da hora do almoço uma chuvinha suave, parecia que ia refrescar; caiu, a água fez poças – mas que nada: veio de novo o sol, e o calor também. Mesmo assim a cidade já tem cara nova. Tem magia no ar – este ar que, apesar de quente, tem um brilho diferente. Se repararmos bem, algumas praças já apresentam aquele tapete amarelo-avermelhado espalhando-se aos nossos pés. Acho que se o Céu tiver uma porta, o tapete de boas-vindas vai ser assim, de folhas alaranjadas, amarelas e vermelhas. O vento sopra diferente cantando novas músicas, tirando as folhas para dançar... e as árvores que ficam nuas parecem chorar. A tarde hoje foi de Clarice (ela, a Lispector), enternecida que me deixou com a gentileza das folhas a caírem. Vinha uma folha embalada pelo vento, caindo da árvore – insistente, permanecia n

Pular na poça

Imagem
Choveu. Desta vez a chuva molhou as calçadas. Lavou a poeira, o lixo. Perfumou a tarde com aquele cheirinho de terra molhada. A noite, olhando pela janela, dá uma vontade de passear na chuva. E vem, na memória, as vozes de sempre: "Filha, cuidado com as poças. Vai molhar o sapato! Não pisa... pula!" E a menina, se fingindo de inocente, patinava bem em cima da poça... E a bronca, vinha, daquelas! E rindo muito, toda molhada, falava assim prá vó e prás tias: "Ué... pensei que tinha falado pra pular na poça!" Uma lição foi aprendida, com certeza: algumas regras são feitas para serem quebradas, a fim de se manter feliz! Crédito da imagem: https://sphotos-b.xx.fbcdn.net/hphotos-ash4/382007_468691686502183_443591122_n.jpg O trabalho Pular na poça de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Transbordante

Imagem
Com o fim do horário de verão o crepúsculo fica mais ameno Gosto especialmente desta hora em que o sol vai baixando, dando espaço para ela, que se insinua Gosto de céu, de sol, de lua.  Estamos minguando esta noite, numa proporção gigantesca, visível apenas uns seis por cento, eu diria E por estar tão minguante, sinto que por dentro se prepara, se apronta para transbordar Olhe pro céu. Já, já ela vem, pequenina É preciso ter cuidado em noites assim. São noites cheias de sentimentos. Pegue para você os mais doces e e sua noite ficará carregadinha de carinho. Imagem da Web O trabalho Transbordante de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Verão

Imagem
Não chove desde dezembro. O céu é de um azul retinto, sem nenhuma nuvem pincelando a tela. No finalzinho da tarde, ela pega a mangueira e vai molhar a grama. Sempre com os pés descalços. Delícia sentir os dedos dos pés entrando pela água que no início é morna, depois vai ficando fria. O cheiro da terra molhada, a textura da grama sob os pés - chovia de mentirinha na grama, mas o céu continuava azul, sem uma nuvem sequer. Ela não perde a esperança de olhar para cima, pisando na grama verde e  alegre. Mas nada. Fica triste. Volta para casa de cabeça baixa. Vai dormir com a sensação de que aquela nuvem em formato de coração que viu uma vez, deitada na grama ainda seca, antes do verão, foi levada embora prá sempre. Crédito da imagem: Revista Super Interessante  O trabalho Verão de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Escondi a chave

Imagem
porque eu permiti entrou na minha casa revirou tudo bagunçou tudo me fez  perder o controle  sujou meu tapete quebrou minha louça pisou meu jardim  quis me convencer que ali  não era o meu lugar e que desvendaria meu segredo Só que eu decidi vou esconder a chave mudar o segredo limpar o tapete Se você não desiste vai perceber então que eu já desisti  bem antes de você   Crédito da imagem: fotografia de Rosie Hardy, no Flickr O trabalho Escondi a chave de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Finais iluminados

Imagem
Anoiteceu, depois de mais um dia de sol e calor no Rio. Lá do céu a luz da lua desce clareando a praça, iluminando as esquinas e afligindo meu peito. Esta mesma lua que também brilha no céu dos teus sonhos. Durante todo o dia o Largo da Segunda Feira, a Praça Saens Pena, a São Francisco Xavier - tudo era um imenso mar de tanta gente, andando prá todo lado. Risos, conversas altas, cheirinho de churros, de pipoca, crianças correndo. E eu ali, no meio de tudo isso - eu estava ali, mas também não estava. O peito apertado não entrava naquela barulhenta alegria... mas mesmo assim fiquei encantada quando vi a lua crescendo no céu, invadindo os jardins, iluminando mais um dia que termina. Então o ônibus chegou e a luz da lua também iluminou o final deste instante. Final de dia, final do instante. Com o choro guardado no peito vou prá casa, sob a luz da lua que iluminará outros finais, sabe-se lá quantos. Imagem da Web O trabalho Finais iluminados de http://rabiscosdalv

Quem me dará a mão?

Imagem
Tem dor que não se aquieta nunca. É teimosa, insistente. Dor de amputação. Perde-se de si o pedaço mais querido, mais íntimo; daí então o sangue não para de correr nunca mais do buraco que ficou. Remexo nas lembranças, procuro um fato ocorrido, meio parecido, que me fizesse aprender a lidar com a dor, aprender a esquecer. Não encontro. Não sei lidar com ela, não com esta dor. Vem-me, então, um trecho de Clarice, em sua Paixão Segundo G.H. : "... não sei o que fazer de ter vivido... estou tão assustada que só poderei aceitar que me perdi se imaginar que alguém está me dando a mão. Dar a mão a alguém sempre foi o que esperei da alegria."   Leio e releio tanto que me distraio, e fico a cismar - quem me dará a mão? Imagem * by Paco Garzón O trabalho Quem me dará a mão? de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Altiva

Imagem
meu amor não depende da sua presença ou da sua ausência da sua voz ou do seu silêncio meu amor por você existe e insiste eu sinto independentemente do seu sentir Ilustração de Christian Schloe O trabalho Altiva de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .