Dia de outono
É, abril chegou e já quase se despede. Mas os dias ainda estão muito quentes (consolo: as noites são mais frescas). Hoje teve de tudo um pouco. Sol logo cedo, céu azul, calor. Perto da hora do almoço uma chuvinha suave, parecia que ia refrescar; caiu, a água fez poças – mas que nada: veio de novo o sol, e o calor também. Mesmo assim a cidade já tem cara nova. Tem magia no ar – este ar que, apesar de quente, tem um brilho diferente. Se repararmos bem, algumas praças já apresentam aquele tapete amarelo-avermelhado espalhando-se aos nossos pés. Acho que se o Céu tiver uma porta, o tapete de boas-vindas vai ser assim, de folhas alaranjadas, amarelas e vermelhas. O vento sopra diferente cantando novas músicas, tirando as folhas para dançar... e as árvores que ficam nuas parecem chorar. A tarde hoje foi de Clarice (ela, a Lispector), enternecida que me deixou com a gentileza das folhas a caírem. Vinha uma folha embalada pelo vento, caindo da árvore – insistente, permanecia n