Mesa farta
Se o que me ofereces são cacos e pontas afiadas de culpa numa existência entre escombros e restos de um passado que me aprisiona e me quer à míngua, digo-te que não. Dentro de mim habita um ser fluído que, apesar de profundo, não aceita viver com as raízes fincadas neste terreno onde proliferam os ratos e as cobras de tuas promessas não cumpridas. Recuso também os espinhos e galhos secos dos teus descartes. Sou livre, carrego nos olhos asas que me alçam longe, adiante por caminhos que se bifurcam... e mais adiante se bifurcam de novo e por todos eles eu andarei, pois sou viva. Afasta de mim o cálice do pouco vinho da tua alegria e o prato das migalhas do teu desejo. Quero fatura - me alimentarei de meus próprios sonhos. Dalva Nascimento Imagem: Google O trabalho Mesa farta de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .