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Mostrando postagens de 2019

Dia de outono

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É, abril chegou e já quase se despede. Mas os dias ainda estão muito quentes (consolo: as noites são mais frescas). Hoje teve de tudo um pouco. Sol logo cedo, céu azul, calor. Perto da hora do almoço uma chuvinha suave, parecia que ia refrescar; caiu, a água fez poças – mas que nada: veio de novo o sol, e o calor também. Mesmo assim a cidade já tem cara nova. Tem magia no ar – este ar que, apesar de quente, tem um brilho diferente. Se repararmos bem, algumas praças já apresentam aquele tapete amarelo-avermelhado espalhando-se aos nossos pés. Acho que se o Céu tiver uma porta, o tapete de boas-vindas vai ser assim, de folhas alaranjadas, amarelas e vermelhas. O vento sopra diferente cantando novas músicas, tirando as folhas para dançar... e as árvores que ficam nuas parecem chorar. A tarde hoje foi de Clarice (ela, a Lispector), enternecida que me deixou com a gentileza das folhas a caírem. Vinha uma folha embalada pelo vento, caindo da árvore – insistente, permanecia n

Pular na poça

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Choveu. Desta vez a chuva molhou as calçadas. Lavou a poeira, o lixo. Perfumou a tarde com aquele cheirinho de terra molhada. A noite, olhando pela janela, dá uma vontade de passear na chuva. E vem, na memória, as vozes de sempre: "Filha, cuidado com as poças. Vai molhar o sapato! Não pisa... pula!" E a menina, se fingindo de inocente, patinava bem em cima da poça... E a bronca, vinha, daquelas! E rindo muito, toda molhada, falava assim prá vó e prás tias: "Ué... pensei que tinha falado pra pular na poça!" Uma lição foi aprendida, com certeza: algumas regras são feitas para serem quebradas, a fim de se manter feliz! Crédito da imagem: https://sphotos-b.xx.fbcdn.net/hphotos-ash4/382007_468691686502183_443591122_n.jpg O trabalho Pular na poça de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Transbordante

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Com o fim do horário de verão o crepúsculo fica mais ameno Gosto especialmente desta hora em que o sol vai baixando, dando espaço para ela, que se insinua Gosto de céu, de sol, de lua.  Estamos minguando esta noite, numa proporção gigantesca, visível apenas uns seis por cento, eu diria E por estar tão minguante, sinto que por dentro se prepara, se apronta para transbordar Olhe pro céu. Já, já ela vem, pequenina É preciso ter cuidado em noites assim. São noites cheias de sentimentos. Pegue para você os mais doces e e sua noite ficará carregadinha de carinho. Imagem da Web O trabalho Transbordante de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Verão

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Não chove desde dezembro. O céu é de um azul retinto, sem nenhuma nuvem pincelando a tela. No finalzinho da tarde, ela pega a mangueira e vai molhar a grama. Sempre com os pés descalços. Delícia sentir os dedos dos pés entrando pela água que no início é morna, depois vai ficando fria. O cheiro da terra molhada, a textura da grama sob os pés - chovia de mentirinha na grama, mas o céu continuava azul, sem uma nuvem sequer. Ela não perde a esperança de olhar para cima, pisando na grama verde e  alegre. Mas nada. Fica triste. Volta para casa de cabeça baixa. Vai dormir com a sensação de que aquela nuvem em formato de coração que viu uma vez, deitada na grama ainda seca, antes do verão, foi levada embora prá sempre. Crédito da imagem: Revista Super Interessante  O trabalho Verão de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Escondi a chave

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porque eu permiti entrou na minha casa revirou tudo bagunçou tudo me fez  perder o controle  sujou meu tapete quebrou minha louça pisou meu jardim  quis me convencer que ali  não era o meu lugar e que desvendaria meu segredo Só que eu decidi vou esconder a chave mudar o segredo limpar o tapete Se você não desiste vai perceber então que eu já desisti  bem antes de você   Crédito da imagem: fotografia de Rosie Hardy, no Flickr O trabalho Escondi a chave de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Finais iluminados

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Anoiteceu, depois de mais um dia de sol e calor no Rio. Lá do céu a luz da lua desce clareando a praça, iluminando as esquinas e afligindo meu peito. Esta mesma lua que também brilha no céu dos teus sonhos. Durante todo o dia o Largo da Segunda Feira, a Praça Saens Pena, a São Francisco Xavier - tudo era um imenso mar de tanta gente, andando prá todo lado. Risos, conversas altas, cheirinho de churros, de pipoca, crianças correndo. E eu ali, no meio de tudo isso - eu estava ali, mas também não estava. O peito apertado não entrava naquela barulhenta alegria... mas mesmo assim fiquei encantada quando vi a lua crescendo no céu, invadindo os jardins, iluminando mais um dia que termina. Então o ônibus chegou e a luz da lua também iluminou o final deste instante. Final de dia, final do instante. Com o choro guardado no peito vou prá casa, sob a luz da lua que iluminará outros finais, sabe-se lá quantos. Imagem da Web O trabalho Finais iluminados de http://rabiscosdalv

Quem me dará a mão?

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Tem dor que não se aquieta nunca. É teimosa, insistente. Dor de amputação. Perde-se de si o pedaço mais querido, mais íntimo; daí então o sangue não para de correr nunca mais do buraco que ficou. Remexo nas lembranças, procuro um fato ocorrido, meio parecido, que me fizesse aprender a lidar com a dor, aprender a esquecer. Não encontro. Não sei lidar com ela, não com esta dor. Vem-me, então, um trecho de Clarice, em sua Paixão Segundo G.H. : "... não sei o que fazer de ter vivido... estou tão assustada que só poderei aceitar que me perdi se imaginar que alguém está me dando a mão. Dar a mão a alguém sempre foi o que esperei da alegria."   Leio e releio tanto que me distraio, e fico a cismar - quem me dará a mão? Imagem * by Paco Garzón O trabalho Quem me dará a mão? de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Altiva

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meu amor não depende da sua presença ou da sua ausência da sua voz ou do seu silêncio meu amor por você existe e insiste eu sinto independentemente do seu sentir Ilustração de Christian Schloe O trabalho Altiva de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Recomeço

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Nosso barco enfrentou uma grande tormenta,  numa noite escura. Cruzou águas cinzas e revoltas. Sob imensas ondas naufragou, nosso pobre barco perdido, agitado e sacudido pelos ventos.  As ondas barulhentas arremessaram na areia nossos despojos. Agitados, feridos e trêmulos olhamos, sem acreditar, que tudo tinha ficado ali, na areia. Nos restou criar coragem e voltar a praia e recolher o que o mar nos devolveu. E sonhar de novo. E recomeçar. Manter no olhar a ternura necessária para reconhecer e encontrar ali, entre cacos e farpas, aquela lembrança, aquela palavra que nos prova que nem tudo afundou afinal. Encontrar aquele que navega ao nosso lado, de mãos dadas, em busca da manhã que nasce e nos traz a esperança do recomeço.   Fotografia minha: Quiosque da Loura, à noite, na Praia do Dentinho, em Praia Seca, Araruama-RJ O trabalho Recomeço de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados

O que você tem feito

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tem um pedaço de mim que ainda está com você o que você tem feito comigo aí dentro de você? o que você tem feito comigo aí dentro da sua cabeça da sua pele do seu sangue? o que você tem feito comigo aí dentro de você quando fecha os olhos quando pede prá Deus prá se esquecer de mim? me diz o que te alivia o que te cura de mim? o que você tem feito comigo aí dentro de você? me diz se o seu paladar ainda sente meu gosto misturado no seu. que gosto tem o meu sabor misturado nas tuas lembranças nos teus contratempos no teu coração? o que você tem feito comigo aí dentro de você quando você corre e o tempo vai corroendo nós dois? me diz o que você tem feito quando você se enrola em outros braços prá fugir de mim enquanto eu insisto pelos cantos olhando estas minhas mãos que construíram o nosso afeto.   imagem de Joshua Kissi O trabalho O que você tem feito de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença

Inquietação

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isso não tem fim quer me consumir me endoidecer qual é o remédio prá não machucar e não doer? não tem saída já estou tonta vou me perder não tem solução é sofrer em vão pobre coração   * Arte da fotografa italiana Giorgia Napoletano O trabalho Inquietação de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Renúncia

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tens as palmas de minhas mãos vazias expondo o nada que sou meu peito carente de música não tenta sequer romper o silêncio dos caminhos que vão e que vêm paralelos  engolindo aquilo que somos tens também minhas dores misérias meu silêncio até a morte minha covardia   desisto não vou alçar vôo abandono o campo de batalha * Fotografia de Agata Stoinska O trabalho Renúncia de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Desnecessária

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me olhas de perto e vês o que sou não sou o que pensas nem mesmo o que penso sou confusão profusão disconexa alma amorfa torcida torta decerto consigo ficar escondida camuflada em casulos perdida danço em silêncio passeio invisível sou desnecessária se me olhares de perto verás com certeza * Arte de Nom Kinnear King O trabalho Desnecessária de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Piano e blues

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  vazio sem verso e prosa meu coração carrega piano e blues acorde em alto tom de leve talvez me enleve Imagem da Web O trabalho Piano e blues de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Sem companhia

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  e esse medo de ficar só é esse medo que me faz ser só e isso só vai passar quando aprender a me acompanhar   *Fotografia de Rosie Hardy, no Flickr  O trabalho Sem companhia de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Non-sense

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eu nunca te beijei e no entanto teu gosto está aqui de leve na minha boca nos dias da mais negra solidão  * Fotografia de Rosie Hardy no Flickr O trabalho Nonsense de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Rigidez

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guardo um copo cheio dessa dor que escorre dos meus olhos gasto um dia inteiro sorvendo esse sentimento que me parte por inteiro   *Fotografia de Marlene Dietrich O trabalho Rigidez de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Águas

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  ribeirinho córrego queda d'água neste fluxo também sou água choro  * Fotografia de Rosie Hardy, no Flickr O trabalho Águas de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Afluentes

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nossos beijos e abraços: afluentes do silêncio. em um mar de solidão mergulhamos lado a lado em linha reta. e nem nas palavras nem nos gestos nos encontramos. * Fotografia de Rosie Hardy no Flickr O trabalho Afluentes de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Mundo louco

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neste mundo louco ninguém quer saber de ser um do outro. neste mundo louco quem vai saber o que é ser um do outro? neste mundo louco quem quer entender o olhar um do outro? Imagem  *Todos os direitos reservados Pierre Fuentes O trabalho Mundo louco de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Memória

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uma lembrança e mais outra a cada uma pequenas felicidades sem data sem hora passado e presente na dança da memória a cada uma também sua dor e uma não é a outra só não sei como lembrar da outra se é dela que morro Imagem: Arte digital de Mark Klink O trabalho Memória de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Dança

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D eixe-se solto A nda libera N o ritmo lento C ole seu corpo A o meu que te espera  "Tango Argentino", pintura de Pedro Alvarez O trabalho Dança de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Recomeço

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viver um novo tempo sem pressa ter um novo olhar que expressa silêncio e paz cumprir as promessas que me fiz perseguir os sonhos que não vivi recomeçar tanto tenho prá dizer tanto ainda a buscar é tempo Arte de Antonio Tamburro O trabalho Recomeço de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Vem namorar

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senta aqui bem assim a meu lado vem namorar não ligue ao mundo que grita por ti reserva esse tempo para mim é tão bom ter você assim   Desconheço a autoria da imagem. Encontrada aqui O trabalho Vem namorar de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .

Rio

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Rio de todas as minhas idades aqui nasci, cresci e meu fim, quem sabe? ... seja aqui. Rio que brilha ao luar Rio que sabe cantar cidade do contraste da guerra e da arte Rio de dois lados da favela e do Corcovado Rio da noite fria e escura dos becos e das avenidas contando histórias obscuras Rio  de grande proeza de manhã pobreza e a noite realeza nas tuas ruas amplas passeiam homens importantes em seus carros imponentes e m teus becos estreitos ouvem-se murmúrios e silêncios aterradores de malandros e trabalhadores que se olham com medo Fotografia de Fernando Quevedo  O trabalho Rio de http://rabiscosdalva.blogspot.com.br/ foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada .