Quero um barco
Relendo o conto da Ilha Desconhecida, de Saramago, tenho uma vontade incontrolável de evadir-me. Quero um barco. Um barco a vela mansamente impulsionado pelo vento. Deixo para trás uma porta trancada sobre móveis, paredes e lembranças, cobertos por brancos lençóis a suspirar por minha incerta volta. Esquivo-me para um mundo mais quieto e silencioso. Vou em busca de mim mesma. Quero um reencontro há muito esperado. Vou para cada vez mais longe - como uma pipa de fino papel de seda - cada vez mais alto. Subindo, subindo, até que a linha arrebente e, abraçada com o vento, eis que me encontro: assustada e perdida, como uma criança. Então eu enxugaria minhas lágrimas e diria: "pronto... já passou." E, com os olhos lavados, inauguraria um novo jeito de olhar, podendo enxergar a nova criação, da qual sou parte.
"... é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não saímos de nós..." - Saramago
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